Política

Uso de agrotóxicos danosos ao meio ambiente é liberado pelo governo


O Ministério da Agricultura divulgou nesta terça-feira (16) a liberação do uso de 27 agrotóxicos por agricultores, totalizando 179 novas autorizações apenas no ano de 2020. O número de aprovações neste ano perde apenas para 2018 e 2019, nos quais o número de homologações foi a maior desde 2005. Entre os produtos registrados, encontra-se um agrotóxico a base de Dicamba, cuja venda foi suspensa recentemente nos Estados Unidos.

A liberação desenfreada de novo produtos químicos pelo governo brasileiro coloca em risco não somente a imensa biodiversidade encontrada no país, mas também a saúde da população brasileira, uma vez que todos os agrotóxicos, por definição, são tóxicos. O uso destes compostos contamina o solo e os corpos d'água próximos, ameaçando a vida marinha.

Além disso, este tipo de veneno é bioacumulativo, ou seja, os defensivos permanecem no corpo do animal contaminado mesmo após sua morte. Isso significa que, caso outro animal se alimente do contaminado, ele também será afetado. O que inclusive provoca o envenenamento da pessoa que porventura se alimentar do animal.

O ser humano também pode se contaminar, durante a aplicação do produto ou durante sua fabricação, e seus efeitos são enormes. De acordo com a Organização das Nações Unidas (ONU), são registradas 200 mil mortes por ano decorrente do consumo de agrotóxicos. 90% delas se dão em países subdesenvolvidos, onde as regulamentações são mais frágeis. O Instituto Nacional do Câncer alerta que a intoxicação por pesticidas pode provocar aborto, impotência, distúrbios respiratórios, esterilidade, problemas hormonais, câncer e problemas no desenvolvimento de crianças.

Para evitar a contaminação, é importante que a população lave corretamente os alimentos e dê prioridade a comida orgânica, caracterizada por não utilizar agrotóxicos.


Estudos afirmam que o uso de agrotóxicos também reduz a capacidade de fixação de nitrogênio da planta, demandando cada vez mais o uso de fertilizantes. Eles também favorecem o surgimento de pragas mais fortes por meio do processo de seleção natural.

Isso ocorre quando as pragas mais resistentes não são afetadas pelos pesticidas. Os seres mais suscetíveis ao veneno morrem, abrindo espaço para que as menos suscetíveis se reproduzam em ritmo acelerado a fim de restaurar o tamanho da população original.

Os seus descendentes, agora compondo a maior parte da população, também são resistentes aos agrotóxicos, então o agricultor agora deve utilizar produtos químicos mais potentes para eliminar esta população. Isto provoca um círculo vicioso, no qual o agricultor não resolve o problema das pragas e agrotóxicos cada vez mais fortes são utilizados.

Esquema demonstrando como ocorre o processo de seleção natural.
Pragas mais resistentes, antes minoria, agora compõem toda a população.

Mas existem inúmeras alternativas para diminuir o uso dos pesticidas. A Embrapa realiza inúmeros investimentos nesta área, principalmente na técnica de controle biológico, uma das melhores alternativas ao uso de produtos químicos na plantação. O procedimento introduz predadores ou parasitas das pragas existentes, a fim de diminuir a população destas sem prejudicar o meio ambiente ou realizar a seleção natural.