Cotidiano

Sacolas biodegradáveis são realmente importantes?


No dia 26 de Junho de 2019, o Estado do RJ proibiu uso de sacolas plásticas no comércio e novas sacolinhas, denominadas biodegradáveis, entraram nos supermercados para substituir as antigas. Em tese, esse novo produto deveria ser confeccionado a partir de matéria orgânica, a fim de que pudesse ser destruído por agentes biológicos, como fungos e bactérias, em menos tempo. Portanto, essa mudança foi desenvolvida com o intuito de diminuir o descarte de plástico no meio ambiente, tendo em vista que sacolas plásticas tem um tempo de decomposição muito longo. Todavia, a grande questão é saber se essa mudança realmente, de fato, traz efeitos positivos para o planeta.

Para tal, a sacola convencional e outros quatro tipos de sacolas, rotuladas como sustentáveis, foram submetidas a um teste de resistência pela Universidade de Plymouth, no Reino Unido, para saber se essas sacolas biodegradáveis levam anos para se decompor na natureza ou não. Dois dos tipos utilizados no experimento eram do tipo oxibiodegradáveis, isto é, foram feitas para se fragmentar em microplásticos, também prejudicial à saúde marinha e humana; as compostáveis, criadas para se decompor mais rápido, e a biodegradável, produzida de material orgânico. Durante 3 anos, elas ficaram expostas a um ambiente simulando a realidade do oceano, ao ar livre e a realidade do solo, sendo enterradas na Terra.

As categorias de bioplásticos resistiram mais do que o esperado para serem consideradas sustentáveis, já que somente as que ficaram expostas ao ar livre se fragmentaram em 9 meses. Dessa forma, as sacolas oxibiodegradáveis e biodegradáveis, mesmo após 3 anos, continuaram inteiras e próprias para o uso, tempo suficiente para, por exemplo, tartarugas se sufocarem e estômagos de baleias se lotarem com o material descartado. Logo, as sacolas compostáveis foram as únicas que tiveram um resultado minimamente satisfatório, se decompondo no oceano em três meses e na terra os fragmentos permaneceram por 27 meses. 

Portanto, ainda é preferível, para a saúde do planeta, que a sociedade se informe sobre esse assunto e saiba que as sacolas vendidas como biodegradáveis no mercado são as do tipo oxibiodegradável. Àqueles interessados em começar a mudar para remediar a poluição e os impactos dos plásticos no mundo, existem algumas saídas interessantes para esse problema, que ainda está longe de ser resolvido.


De acordo com a EME Jr, empresa formada por graduandos da UFRGS que prestam serviços de consultoria relacionados à Engenharia de Materiais, as sacolas de plástico de poliácido láctico são feitas a base de vegetais, e em sua reciclagem é utilizado somente a água, não liberando substâncias tóxicas no processo. Além dessa, existem sacolas de algodão ou de outros materiais que são reutilizáveis, inclusive, é possível fazê-las com sobras de tecidos em casa para substituir os saquinhos de legumes e frutas usados no mercado.  Assim, além de não usar os descartáveis, essa ainda é uma oportunidade para reduzir o descarte de tecido. 

Para conseguir transformar essa realidade, é preciso sempre lembrar que mudar hábitos não é uma tarefa fácil nem rápida. No entanto, é de fundamental importância começar aos poucos e ir se adaptando, para que a relação homem-natureza fique mais harmônica e os recursos naturais possam ser usados de uma forma mais adequada e responsável.