Reciclagem de resíduos surge como nova alternativa à indústria têxtil
Gabriela Brasil
A indústria da moda aproveita o desejo de consumo do homem para lançar constantemente novos produtos. Com isso, a vontade de estar dentro do padrão dessa nova tendência é praticamente automática por parte da sociedade, fazendo com que os indivíduos se esqueçam dos enormes impactos ambientais que a produção dessas roupas causam no planeta. Essa atitude mostra o controle que a indústria cultural possui nas pessoas, as quais, influenciadas pela “necessidade” de estar na moda, acabam se afastando da preocupação com os impactos sofridos pela natureza e, consequentemente, com as gerações do futuro, que dependem das ações sustentáveis de agora para terem condições de se desenvolver.
O mercado têxtil tem crescido 5,5% ao ano na última década, ocasionando um aumento exponencial na quantidade de lixo gerado especialmente pelas sobras de tecidos. A cada segundo, um caminhão de lixo desses resíduos é descartado em aterros sanitários ou queimados, piorando o estado da Terra, tanto na contaminação do solo e oceanos quanto nas emissões de CO2 na atmosfera.
Só no Brasil, são descartados cerca de 175 mil aparas de tecidos por ano que poderiam ter sido reaproveitadas para a confecção de novos produtos, como itens de vestuário, colchas, cobertores, e artes variadas, abrindo espaço para o desenvolvimento desse mercado de reciclagem ainda mais para aqueles que o buscam.
Além disso, as próprias empresas poderiam reciclar essas sobras, já que essa é uma forma de gerar menos despesas em matéria prima, lucrando mais com a produção, seguindo o exemplo de dois estudantes de design em Santa Catarina, Nayara e Bruno, que transformaram os resíduos de tecidos de uma loja de estofados em um tipo de material de construção que serve para revestimento. Esse material sustentável consegue ser renovável também, uma vez que os jovens misturaram o tecido com resina de mamona, que é um biomaterial, utilizando uma prensa.
Iniciativas tais quais essa demonstra que não é preciso estar munido de muitos recursos tecnológicos para encontrar alternativas que visem não agredir o meio ambiente. O diretor industrial da empresa de estofados afirma ter passado a reutilizar 4 mil toneladas de tecidos que seriam jogados fora.
A transformação das sobras têxteis em outros produtos é uma opção, também, para microempreendedores que realizam alguma atividade manual, como crochê, macramê e costura. Desde a criação do Banco de Tecidos em SP, que é um local feito para venda desses resíduos, o custo de produção das peças que serão recicladas é mais baixo, portanto é uma boa alternativa para gerar lucro. Desse jeito, a pessoa estará usando a vontade de comprar do outro em benefício dela mesma e do planeta.