"Onde existe muita floresta também existe muita pobreza"
Um dia depois de não responder se seguiria apoiando três projetos de lei conhecidos como “combo de desmatamento”, Joaquim Leite faz pronunciamento revoltante na COP26. Marina MorenaNa última quarta-feira (10), o ministro do Meio Ambiente, que representou o governo brasileiro na Conferência das Nações Unidas sobre Mudanças Climáticas (COP26), em Glasgow, Escócia, preocupou ambientalistas e líderes afirmando que o governo está ciente que “onde existe floresta também existe pobreza.”
Isso vem depois do Brasil se comprometer a zerar o desmatamento ilegal e reduzir as emissões ao mesmo tempo que o governo de Jair Bolsonaro apoia três projetos de lei apelidados “combo de desmatamento e poluição”. O ministro inclusive se recusou a responder na terça (9), em uma coletiva de imprensa, se o governo deixaria de apoiá-los.
Os PLs são: 510/21, que apoia regularização de invasões ilegais de terras que aconteceram até 2011; 191/20, que legaliza mineração em terras indígenas; e 490/2007, que só demarca terras ocupadas por povos indígenas até 1988. Dois dos quais são de autoria do próprio governo. Ademais, durante seu discurso, Leite insistiu em afirmar que “o futuro verde já começou no Brasil”. No mesmo país que registrou recordes históricos de desmatamento da Amazônia nesses dois últimos anos, mesmo depois de “o Governo Federal dobrar os recursos destinados às agências ambientais” para acabar com esse problema, conforme declarou o ministro.
Para o ministro, a solução é criar uma “economia verde” por meio de políticas de remuneração e incentivo financeiro. De acordo com Leite, um dos atos do governo em prol desse desenvolvimento econômico sustentável foi a criação do Programa Nacional de Pagamento por Serviços Ambientais, o qual “busca fomentar o mercado de serviços ambientais, reconhecendo e remunerando quem cuida da floresta nativa.”
Na mesma coletiva de imprensa do dia (09/10), o ministro começou a focar na falta de compromisso dos países desenvolvidos que não bateram a meta de 100 bilhões de dólares. Quantia a qual seria dada por ano para países pobres entre 2020 e 2025, que não ocorreu ano passado e que, provavelmente, não ocorrerá esse ano.
Txai Suruí, ativista indígena brasileira que discursou na COP26, deixou bem claro que “é preciso ficar atento aos termos usados. O governo se compromete a eliminar o desmatamento ilegal, mas apoio projetos como o do marco temporal que atinge terras indígenas e tornam legal o que hoje é ilegal”