O interesse mundial na Antártida
Esther Grisoni
Conhecida por sua inospitalidade, a Antártida é um continente que possui 90% de seu território coberto por gelo. Por suas condições adversas, nenhuma população nativa pôde se desenvolver na região. Sem governo ou povo local, no início do século XX, muitos países começaram a reivindicar o direito sobre as terras congeladas, que guardam muitos segredos.
Frente a essas divergências, em 1959, foi firmado o "Tratado da Antártica” entre 12 nações, que se comprometeram a suspender as disputas pela região. De acordo com o documento, o continente deveria ser utilizado apenas para pesquisas científicas por parte dos signatários, desde que respeitassem algumas restrições quanto à instalação de bases militares e testes de armas perigosas à humanidade. Atualmente, mais de 50 países pertencem ao acordo, incluindo o Brasil.
O interesse das nações no continente pode ser explicado por vários fatores, que perpassam aspectos geopolíticos, econômicos, científicos e ambientais. A região acomoda dois terços das reservas de água doce do planeta e é importantíssima para a manutenção do equilíbrio climático no mundo. Paralelamente, o interesse econômico deve-se bastante às grandes reservas de petróleo do território, que prometem ser maiores que as de alguns países do Oriente Médio. Atualmente, entretanto, a comunidade internacional está de acordo que as reservas ainda não devem ser exploradas, como determina o chamado Protocolo de Madri.
O Brasil, sendo um dos signatários do Tratado da Antártida, dedica-se a pesquisas na região que, segundo o Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovações, devem trazer muitos benefícios para o país na medicina, agricultura e indústria. Por exemplo, são conduzidos vários estudos na área de vigilância epidemiológica, que se preocupa com o estudo de microrganismos - bactérias, fungos e vírus - para identificar potenciais riscos de infecção. Atualmente, também são conduzidos estudos acerca da biodiversidade da região e do DNA ambiental para entender melhor sobre o funcionamento do ecossistema, de onde podem surgir biotecnologias com importantes aplicações na sociedade.