Moradores do pantanal correm grandes riscos com tempestades de cinzas na região
Aline Gabrielle
Um fenômeno que, recentemente, atingiu a comunidade Barra do São Lourenço, localizada no Pantanal, vêm causando medo e preocupação na população local: as tempestades de cinzas e de areia. Segundo alguns relatos de moradores da comunidade, essa situação se tornou comum nas últimas semanas, sendo descrito por alguns especialistas como o resultado do período de escalda do Pantanal nos últimos meses.
O incêndio deste ano consumiu cerca de 4,5 milhões de hectares do Pantanal brasileiro. Segundo dados do Instituto SOS Pantanal, esse número equivale a 30% do bioma. E embora o fogo tenha se acalmado nas últimas semanas, a população da região ainda é fortemente afetada por seus vestígios.
"É uma sensação horrível. Além de ser prejudicial à nossa saúde, a nossa casa fica cheia de sujeira e as roupas ficam sujas”, diz a artesã Maria Aparecida Aires de Souza, moradora da Barra do São Lourenço, que presenciou várias rajadas de vento recentemente.
Segundo estudiosos, esse fenômeno é causado por uma grande quantidade de cinzas depositada no solo pantaneiro. “Os resquícios do fogo foram espalhados pelo vento forte. A chuva não é suficiente para jogar cinzas no rio”, explica o analista mediano Alexandre de Matos, que integra o Sistema Estadual de Prevenção e Incêndios Florestais (Prevfogo) do Mato Grosso Sul. Ainda segundo eles, a primeira tempestade de cinzas registrada no Pantanal ocorreu em meados de outubro, registrado na Serra do Amolar, considerada um dos locais mais importantes para a preservação dos biomas.
À época, enormes nuvens baixas e marrons cobriam a maior parte da área. Fotos tiradas por quem assistiu à cena mostraram que as cinzas foram sopradas para longe. Naquela época, ainda havia muitos incêndios no bioma, então havia muita fumaça, além de ventos fortes e fuligem, o que prejudica a visão dos pilotos envolvidos no combate a incêndios. Desde então, houve outros registros de tempestade de areia na região do Pantanal, os quais pesquisadores da área acreditam que mesmo a intensidade não sendo tão forte quanto no primeiro caso ocorrido, continuam causando problemas às comunidades, à fauna local e às pessoas que trabalham para proteger o bioma.