Mundo

Mongólia: o país mais poluído do mundo


A Mongólia durante o inverno é o país mais poluído do mundo, devido às suas baixíssimas temperaturas e a falta de gás encanado. Os moradores utilizam a queima de carvão como forma de aquecimento, isso faz com que ocorra um aumento drástico da poluição na área urbana. Ao longo do tempo, os altos níveis de poluição causam muitos problemas de saúde que afetam principalmente a população jovem.

As temperaturas podem chegar até 40 graus negativos, fator que acaba dificultando a dispersão dos gases poluentes, devido a um fenômeno chamado inversão térmica, que faz com que os gases se localizem na parte mais baixa da atmosfera, onde a população vive. 

Aproximadamente 60% da população vive em tendas nômades feitas de feltro, que se chamam “ger” ou em casas em volta de um distrito “ger”, que é uma área residencial composta pelos "gers''. Estas tendas não possuem água quente encanada e nem gás encanado, e sua estrutura não resiste ao frio intenso, então a população não tem saída e acabam tendo que viver grande parte do seu dia queimando carvão para se aquecer.

O ar mais poluído da Mongólia, se encontra em sua capital, Ulaanbaatar, mais de 600.000 toneladas de carvão são queimados para aquecer aproximadamente 200.000 tendas (gers), isso tudo é responsável por 80% da poluição do ar no inverno. Aproximadamente 46% da população total da Mongólia vive na capital. O ar se torna tão denso que só se enxerga o contorno das pessoas e das tendas.

A cidade é tão poluída que já superou em até 133 vezes o patamar máximo estabelecido pela OMS (Organização Mundial da Saúde), referente aos níveis das menores e mais perigosas partículas (PM - 2.5). Os níveis apocalípticos de poluição se tornaram um sério problema de saúde pública, pois o simples ato de respirar se torna um imenso risco à saúde. Pesquisadores especulam que o nível de poluição urbana tem causado, além de doenças pulmonares, outros problemas de saúde que afetam principalmente crianças, mulheres grávidas, pessoas que já nasceram com problemas respiratórios ou cardíacos e pessoas que estão acima do peso.

A poluição do ar mata no mundo cerca de sete milhões de pessoas por ano, deste valor 4,3 milhões de pessoas morrem por causa do uso de combustíveis sólidos para cozinhar, já em Ulaanbaatar o problema se agrava pois utilizam esse método de aquecimento não só para cozinhar, mas também para sobreviver ao frio intenso.

De acordo com o Dr. Kirk Smith, professor de Saúde Ambiental Global da Universidade da Califórnia, em Berkeley, a queima de lenha em um fogão rústico, sem chaminé adequada, corresponde à queima de 400 cigarros por hora. Estima-se que os mongolianos ficam com as brasas acesas por no mínimo 8 horas, ou seja, a fumaça produzida corresponde a queima de no mínimo 3200 cigarros por dia.

A junção dos fatores citados acima tem causado problemas de saúde como irritação nos olhos, na garganta, coriza, sintomas de asma, tosse, pneumonia, infecções respiratórias agudas, elevação do risco de infarto e ao longo do tempo a exposição aos gases poluentes pode levar ao câncer de pulmão e até a morte. Outros efeitos incluem, níveis mais altos de prematuros, baixos pesos no parto e bebês nascendo com muitos problemas respiratórios.

Quando se fala da saúde das crianças além de danificar os pulmões permanentemente, prejudica o desenvolvimento cerebral. Um número significativo de doenças respiratórias agudas ocorre em crianças. 

Um estudo revelou que as crianças dos distritos “gers” têm a capacidade pulmonar 40% menor do que as crianças de zonas rurais. Então, conclui-se que o nível de poluição urbana na capital impacta diretamente na saúde pulmonar das crianças mongolianas.

O Covid-19 na Mongólia

O país passou o ano de 2020 com pouquíssimos casos de COVID-19, porém desde o início do mês de março os casos de coronavírus vem subindo desenfreadamente. O crescimento dos casos de covid-19 podem estar relacionados ao aumento da poluição durante o inverno que dura de dezembro a março. As partículas de poluição podem ter contribuído para a transmissão do vírus. Na última semana foram registrados mais de 8000 novos casos.

A infraestrutura médica tem apenas 2 máquinas de suporte de vida de ECMO para 3 milhões de pessoas, o que é algo extremamente preocupante já que grande parte da população faz parte do grupo de risco, pois possuem problemas respiratórios anteriormente causados pelo alto nível de poluição.

O aumento dos casos de Covid-19 pode ser fatal para a população, devido à situação de saúde dos mongolianos que já sofriam os impactos da poluição, outro problema é a baixa infraestrutura que torna muito difícil o tratamento de casos graves da doença.