Incêndio no pantanal ameaça a biodiversidade local
Ryan Barbosa
O incêndio na região do Jatobazinho, no pantanal corumbaense, tem tomado grandes proporções e já atingiu mais de 20 mil hectares. O fogo começou por volta do dia 2 de julho e há, pelo menos, vinte pessoas, entre brigadistas e moradores da região, trabalhando para conter os danos do incêndio, que já se aproxima de Corumbá. O evento ameaça a imensa biodiversidade presente no pantanal.
Há uma preocupação em especial com a ameaça do fogo atingir a sede da Escola Jatobazinho, instituição de ensino em regime de internato da Organização não-governamental Acaia Pantanal, que atua em parceria com a Prefeitura de Corumbá. Segundo as informações passadas, as aulas na escola foram interrompidas por consequência da pandemia do novo coronavírus, porém ainda há funcionários e professores nas instalações.
Segundo Ângelo Rabelo, coronel do Instituto Homem Pantaneiro (IHP), em entrevista ao Diário Corumbaense, há cerca de cinco militares do Corpo de Bombeiros de Corumbá, seis brigadistas do Instituto Brasileiro do Meio Ambiente e dos Recursos Naturais Renováveis (Ibama) e uma dezena de funcionários de fazendas próximas atuando no combate ao fogo. Também contam com a presença de mais dois tratores emprestados pelas fazendas vizinhas que estão sendo utilizados para auxiliar a agir nos locais de difícil acesso devido à vegetação de mata fechada da região.
Ângelo ressaltou ainda a expectativa de que a previsão de chuva para a região nesta quarta-feira (08) possa auxiliar no combate do fogo, porém, até lá, continuarão as ações do Corpo de Bombeiros que contam com um fator dificultador que são os fortes ventos da região e acabam por auxiliar no espalhamento das chamas.
“Importante salientar que foi feita a confecção de um aceiro [retirada de vegetação] por meio de uma queima controlada na área próxima à escola Jatobazinho. A técnica foi feita para evitar que os focos atinjam a área da escola.”
Declaração feita pelo tenente Lucena, do Corpo de Bombeiros.
Até o momento, não se sabe o motivo que ocasionou as chamas, porém, de acordo com as operações da Polícia Militar Ambiental nas duas últimas semanas, há uma suspeita de que os incêndios tenham sido criminosos e provocados pela utilização de fogo para a extração de madeira e mel.
Um fator curioso é a seca atípica que afeta a região do pantanal atualmente e age como um complicador para o combate ao fogo. De acordo com o tenente-coronel Fernando Carminati, ocorreram chuvas no mês de junho, porém muito abaixo do esperado. O Rio Paraguai está 30% abaixo dos níveis normais nos últimos 20 anos e a situação é bem preocupante, pois, no ano atual, a cheia ainda não chegou no Pantanal. A estiagem pode estar relacionada com o desequilíbrio causado pelas mudanças climáticas.
"Eu tenho de Pantanal vividos aqui 39 anos. Esta, sem sombra de dúvidas, é uma das piores secas que eu pessoalmente estou presenciando”, afirmou o pecuarista Carlos Augusto em entrevista ao Jornal Nacional.