Fast Fashion e Devastação Planetária: o que o mundo consumista não te fala
Gabriela Brasil
O modelo consumista da sociedade, que se consolidou após a crise de superprodução de 1929, adotou uma maneira de vender os produtos de forma rápida e lucrativa. Barateando o preço de produção, através da globalização da moda, possibilitou a venda em todo o mundo, assim, desvalorizando a produção local. Essa nova forma de consumir tem relação direta com a indústria de moda Fast Fashion. Mas afinal, o que é fast fashion?
Esse é o nome dado ao setor da indústria de moda que estuda as tendências das passarelas e as reproduzem com uma qualidade inferior, utilizando, muitas vezes, mão de obra análoga à escrava, e acabam sendo as roupas que todos estão acostumados a comprar. É importante lembrar que há uma enorme quantidade de lixo descartado devido à baixa qualidade desses produtos, obrigando os consumidores a descartá-las.
Para assegurar os baixos preços, as empresas de fast fashion contratam indústrias de países subdesenvolvidos, os quais oferecem terra mais barata e mão de obra pouco qualificada, sendo mais fácil submeter essas pessoas a longas jornadas de trabalho e condições insalubres, com baixíssima remuneração. Ao analisar a relação entre o Fast-Fashion e os direitos do Trabalhador, é possível entender e tomar conhecimento de uma série de absurdos, os quais evidenciam a presença de trabalhos abusivos.
Lojas de roupas de luxo, tais quais a Brookfield Donna, a Le Lis Blank e a Animale, foram descobertas por fiscais de trabalho por terem, em seu processo de produção, as condições de trabalho abusivas e, inclusive, análoga à escravidão. A história começou a ser desvendada quando a Brooksfield Donna se relacionava com a empresa Via Veneto, que era subcontratada por uma outra companhia, terceirizada pela marca, e que "quarteiriza" os fornecedores. Esses fornecedores também confeccionam peças da Le Lis Blank e Animale, o que barateia ainda mais a produção. O pagamento desses funcionários girava em torno de R$6,00 por peça. Logo, nem se a pessoa trabalhasse mais de 14 horas por dia, ela receberia um salário mínimo ao final do mês. Além disso, foram descobertas as condições sub humanas do local sujo e entulhado onde dormiam e costuravam, os quais eram providos pela indústria contratante.
Na região Nordeste, há uma estrutura parecida de exploração do trabalho para o fast fashion, denominada facção. São oficinas onde as pessoas trabalham terceirizadas pela Guararapes Confecções do grupo Riachuelo e Hering. Nesses locais, ocorrem inúmeros problemas com o pagamento e longas jornadas de trabalho, portanto, não trabalhe com Facção e não apoie essas iniciativas quando comprar alguma roupa. Caso necessite, incentive pequenos costureiros e pequenas lojas.
A indústria da moda, além dos problemas com a mão de obra, é a que mais polui o meio ambiente, mas, afinal, por quê? A forte dependência de recursos não renováveis, como fertilizantes para cultivar algodão, petróleo para fazer fibras sintéticas e corantes para a coloração das roupas, são responsáveis pela derrubada de grandes áreas florestais, poluição de corpos de água, sem falar que na queima do petróleo junto com outros gases usados no processo, são emitidos 10% dos gases estufa.
Como se isso não bastasse, o consumo de água pela indústria têxtil é de 93 trilhões de litros por ano, fazendo uma média de 2 litros de água por cada camiseta exposta nas vitrines. Após serem compradas, não demora muito para o descarte, resultando em 500 bilhões de dólares de roupas que vão parar em aterros sanitários e lixões, segundo relatório lançado em 2017.
Com o intuito de diminuir todo esse impacto da moda no planeta, é preciso mudar a maneira que compramos. Compras em brechós são uma ótima opção para conseguir roupas sem gerar novos danos para a Terra, além de serem baratas e possuírem uma grande variedade de estilos. Além disso, inicie a prática de trocar roupas com os amigos ou entre a família. Se for de interesse pessoal, comece a costurar suas próprias peças com tecidos sustentáveis ou biodegradáveis e, sempre que possível, incentive pequenos costureiros comprando suas roupas com eles.
Tem mais alguma dúvida sobre a indústria de fast fashion? Acesse o Índice de Transparência e descubra um pouco mais sobre a produção de moda no mundo. Essa pesquisa leva em consideração as relações de trabalho, gênero, salário, desperdício, circularidade, superprodução e a sustentabilidade. Agora, faça sua parte! Use suas roupas como parte da mudança e saiba que elas farão a diferença.