Estudiosos utilizam pimenta-de-macaco como alternativa aos inseticidas tradicionais
João Sena
Ao longo dos séculos, a ciência sofreu uma evolução exponencial no que tange ao desenvolvimento de novas técnicas de agricultura e medicina, o que envolve, também, a utilização de produtos naturais para sanar algumas dessas problemáticas, como é o caso da pimenta-de-macaco, que vem sendo já há alguns anos utilizada como produto para fins medicinais.
Agora, marcando um novo período de estudo e de desenvolvimento tecnológico, essa pequena planta vem sendo utilizada como matéria prima para a produção de inseticidas naturais. O projeto foi desenvolvido pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária no Acre (Embrapa) e descobriu que o óleo extraído da planta pode, inclusive, ser utilizado contra pragas em plantações, o que significa um avanço significativo nas tecnologias, de forma que a utilização dos inseticidas e fertilizantes químicos podem passar a ser menos utilizados.
De acordo com Murilo Fazolin, um dos responsáveis pelo estudo, afirmou que foi feito um estudo de 15 anos até que a descoberta fosse feita. Os testes da aplicabilidade do inseticida foi feito em lagartas do cartucho e mostrou bastante funcionalidade. O avanço desse produto em relação aos outros é a de que esse óleo não faz mal algum ao ser humano, especialmente porque ele é utilizado para fins medicinais na região amazônica e nunca apresentou consequências à população, podendo ser usado em algumas das plantações. “O resultado de campo que temos mais promissor é com relação ao controle da broca do abacaxi e do percevejo do abacaxi”, afirmou Fazolin.
A produção de inseticida se dá através da produção e colheita da pimenta-de-macaco, que é da família piperaceae, no entanto, não é comestível. Suas folhas passam por um processo de secagem para perder a água e depois por uma destilação, para a retirada do óleo, o que resulta em um óleo natural com propriedades botânicas. “O óleo é rico em dilapiol, que é o princípio ativo, esse dilapiol tem a capacidade de inibir o complexo de enzimas que faz parte da defesa do inseto contra qualquer tipo de veneno”, afirmou Fazolin.
Neste estudo, outras culturas foram estudadas para procurar e estudar quais as possibilidades do uso desse inseticida natural, com a utilização do milho e da soja, todavia eles não foram capazes de atingir os objetivos, pois, por terem folhas finas, o óleo acabou queimando as folhas dessas plantações.
Esse estudo é um grande avanço tecnológico e ambiental para a agricultura, de forma que passará a gerar menos impactos tanto ao meio ambiente quanto à saúde do consumidor, sendo uma excelente alternativa natural aos fertilizantes químicos.