“Estamos afundando hoje, mas também estão todos"
Um discurso feito dentro do mar pelo ministro de Tuvalu e reproduzido na COP26 chama atenção para uma consequência devastadora das mudanças climáticas. Marina MorenaDe terno contra um fundo azul ao lado de bandeiras da ONU e de Tuvalu, o ministro da Justiça, Comunicação e Relações Exteriores da pequena ilha, Simon Kofe, começa seu discurso. À medida em que o alerta sobre a subida do nível do mar e o perigo dela para a vida de milhares de pessoas é dado por Kofe, as câmeras se afastam e revelam uma surpresa.
O ministro do pequeno país de quase 12 mil habitantes discursou de pé dentro de uma área antes seca que agora foi invadida pela maré.
Aumento do nível do mar
Uma das consequências mais devastadoras do aquecimento global, o aumento do nível das marés, já começou a criar milhares de refugiados climáticos ao redor do mundo.
Nas pequenas ilhas do Pacífico, muitas das quais estão a somente poucos metros acima do nível do mar, como o ponto mais alto de Tuvalu que se encontra a 4,5 metros, esse problema já é urgente. A expectativa é que elas sejam engolidas daqui a 10 ou 15 anos.
Em Fiji, ilha vizinha de Tuvalu, com quase 900 mil habitantes, 75 comunidades já estão sendo deslocadas para o interior do país, devido à submersão do seu território.
O ministro de Finanças de Tuvalu, Seve Paeniu, em entrevista à Reuters, alertou que “as ilhas do Pacífico estão desaparecendo - estamos literalmente afundando”.
A situação de Tuvalu
Kofe afirmou que a ilha já se prepara para o pior cenário onde serão inundados e terão que se deslocar. “Estamos buscando avenidas legais nas quais possamos manter nosso domínio sobre nossas zonas marítimas, manter nosso reconhecimento como um Estado sob as leis internacionais. Esses são os passos que estamos tomando, olhando para o futuro”, relata o ministro.