Desmatamento

Equação do solo aponta novos rumos para os usos das terra


O grupo MADRI, formado por pesquisadores do Brasil e dos Estados Unidos, desenvolveu uma pesquisa que os levou a uma suposta “equação do uso do solo”. Essa equação foi desenvolvida com o propósito de mostrar que a redução do desmatamento na Amazônia pode fazer com que o país obtenha um lucro maior. O trabalho realizado pelo MADRI propôs uma tática para o uso de terras em diferentes condições fundiárias na região e calcula, por exemplo, o possível aumento das produções de determinado campo.

O IPam (Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia), em parceria com o centro de pesquisa Wood Hole, criaram um plano dividido em quatro categorias fundiárias na região, as quais são as terras públicas; propriedades particulares com vegetação nativa além da prevista pelo código florestal; áreas de produção familiar e, por fim, as propriedades de grande e médio porte. Entre os anos de 1985 a 2017, com a evolução agrícola, foi aberta uma área equivalente à da França. 

André Guimarães (Diretor Executivo do IPAM) explica que o Brasil precisa crescer, para que continuemos a suprir a necessidade da população em relação ao consumo e à produção de alimentos, mas deixa claro que serão precisos outros pilares para que a renda no campo aumente, sem o desmatamento.

O primeiro pilar faz referência às áreas públicas, lugar que não é destinado a uma pessoa, mas que, ainda assim, são os principais focos de grileiros. Uma das principais propostas é a de que elas sejam destinadas para a conservação, ou seja, transformadas em parques para proteção ambiental. A segunda ação é incentivar o aumento da produtividade das áreas já abertas na Amazônia. Pesquisas apontam que a produção da carne pode subir dos atuais 60 kg/hectare ao ano para 150 kg/hectare ao ano. Em 21% da área de pastagem já existente na região, essa ação conseguiria liberar aproximadamente 4 milhões de hectares.

O terceiro pilar visa pôr em prática o Pagamento por Serviços Ambientais (PSA), que tem o objetivo de eliminar o desmatamento que ainda poderia ocorrer de modo legal. Os alvos deste pilar são as propriedades privadas que têm um excedente de terras preservadas, além da área que já deve ser protegida de acordo com o Código florestal. O último pilar do estudo é promover melhorias econômicas, ambientais e sociais na agricultura familiar, tendo assistência técnica rural fornecida pelos Estados e pelo setor privado.

Com esse estudo, é possível esperar e analisar com mais clareza os desdobramentos para o futuro do uso do solo no Brasil, quer para a alimentação, quer para fins de proteção ambiental.