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Demônios da Tasmânia são reintroduzidos em ecossistemas australianos após três milênios


Vinte e dois (22) animais da espécie Sarcophilus harrisii, conhecidos popularmente como demônios da Tasmânia, foram soltos em bosques na região de Barring Tops da Austrália, à norte de Sydney. Eles foram reintroduzidos pela primeira vez em 3000 anos no território continental australiano, e acredita-se que sua primeira extinção na ilha tenha se dado por causa dos dingos (espécie de canídeos selvagens endêmica da Austrália).

Os demônios-da-tasmânia ou diabos-da-tasmânia são mamíferos marsupiais que já foram nativos da Austrália, mas por muito tempo eram apenas encontrados na ilha-estado da Tasmânia. Eles se encontram hoje em risco de extinção, juntamente com outros grupos de marsupiais, após uma terrível epidemia de câncer de boca, surto este que possui origem misteriosa mas é acreditada por alguns cientistas a hipótese de ter sido causada por drogas humanas. Nos anos 90, estima-se que havia 150.000 mamíferos dessa espécie na Tasmânia, enquanto, hoje, há apenas 25.000.

A reintrodução foi realizada pelo grupo de conservação ambiental australiano Aussie Ark. Os animais foram soltos em um santuário cercado com mais de 404 hectares de área para que sejam protegidos e, ao mesmo tempo, vivam de forma independente, o que significa que eles não recebem comida ou suprimentos por parte de humanos. A organização tem planos de retornar ainda mais 40 unidades da espécie nos próximos 2 anos para garantir a sua reprodução e perpetuação no ambiente, sendo esperado que os demônios avancem para áreas não cercadas.

“Nós trabalhamos mais de uma década para chegarmos a este ponto”, relata Tim Faulkner, presidente da organização Aussie Park, para National Geographic. “Eles estão livres. Estão lá fora. Nós temos basicamente a intenção de manter certo olho neles. Mas, essencialmente, agora eles que vão decidir o que farão a partir daqui”, reiterou.

Entretanto, eles não foram a primeira espécie a ser reintroduzida em habitats naturais. Em 1996, 31 lobos silvestres foram colocados no Parque Nacional Yellowstone nos Estados Unidos, eles praticamente não existiam mais naqueles ecossistemas por causa da constante caça e procura desses animais. Uma contagem em 2019 revelou pelo menos 61 lobos em oito parques diferentes na região.

No Brasil, temos como exemplo a reintrodução de bugios (conhecidos popularmente como macaco-barbado e guariba) na reserva nacional Parque da Tijuca, no Rio de Janeiro. Foram soltos quatro animais provenientes de cativeiro no parque. O programa foi gerido pelo Instituto Chico Mendes de Biodiversidade (ICMBio), órgão responsável pela manutenção da região, e foi parte do Projeto Refauna, uma parceria entre diversas universidades e instituições que visam a recomposição da fauna das florestas do Rio de Janeiro.