Costa Rica, o país movido a energia sustentável
Marina Morena
Ao final de 2017, a Costa Rica chamou a atenção do mundo por bater o recorde de dias consecutivos que um país passou usando somente energia sustentável para abastecer sua rede elétrica, com um total de 300 dias. O recorde anterior, de 2015, também lhes pertencia, com 299 dias sem usar petróleo, carvão ou gás natural.
O país, com aproximadamente 5 milhões de habitantes, utiliza mais de uma técnica renovável para manter esses impressionantes dados. A energia sustentável costarriquenha provém de cinco fontes principais: a maior parte, cerca de 78%, vem de hidrelétricas; 10% vem de energia eólica; outros 10% de geotérmica; e quase 1% de solar e biomassa. Entretanto, é provável que os valores percentuais, principalmente da utilização de energia eólica e geotérmica, aumentem devido a investimentos governamentais nesses setores, tornando o país menos dependente do clima local, especialmente no quesito da precipitação.
Essa implementação e produção de energia sustentável no país atraiu, entre 2010 e 2017, investimentos para a área de energia limpa do país que juntos somavam 1,9 bilhões de dólares, de acordo com dados da Rapid Transition Alliance - um projeto de pesquisa na Universidade de Sussex, Reino Unido.
Como a Costa Rica conseguiu?
Todo esse processo de implementação gradual de energia limpa vem sendo possibilitado e facilitado pelo programa 4E: Energías Renovables y Eficiencia Energética en Centroamérica. O 4E, criado pelo escritório de cooperação internacional do governo alemão em parceria com a Secretaria-Geral do Sistema de Integração da América Central (SG-SICA), visa a ajudar na luta contra as mudanças climáticas, mitigando uma das suas maiores causas, além de implementar e incentivar o uso de energias renováveis nessa porção do continente americano.
Porém, os esforços da nação centro-americana para se tornar um país ainda mais sustentável não terminam só na geração de energia. Com uma economia dependente do turismo, o qual está fortemente ligado à atratividade da natureza local, a Costa Rica se tornou o primeiro país do mundo a diminuir, parar e reverter o desmatamento em seu território. Ademais, a nação trabalha para ser o primeiro país livre de plástico e para atingir outro grande objetivo: descarbonizar o país até 2050.
Plano Nacional de Descarbonização
Lançado em 2019, pelo atual presidente, Carlos Alvarado Quesada, o plano objetiva transformar a economia costarriquenha de forma que o país não necessite mais de qualquer tipo de combustível fóssil e que, ao menos, consiga neutralizar suas emissões de poluentes, como gases causadores do efeito estufa.
Com medidas a curto, médio e longo prazo, que irão traçar os passos dos futuros governantes, o Plano Nacional de Descarbonização abordará dez áreas setoriais, inclusive a energética, analisando-as em quatro parâmetros: transporte e mobilidade sustentável; energia, construção e indústria verde; gestão integrada de resíduos; e agricultura, mudança no uso da terra e soluções baseadas na natureza.
Um dos maiores desafios do plano, atualmente, é a utilização massiva de hidrocarbonetos, como o petróleo, que são extremamente poluentes, mas predominantemente consumidos, principalmente quando se fala de meios transportes e de algumas indústrias. Felizmente, o uso cada vez mais frequente de energia “limpa” dá à Costa Rica uma abertura para alterar a acessibilidade a meios de transportes movidos de forma mais sustentável.
Esse grande passo em direção a um futuro mais ecológico foi elogiado, em 2019, pela secretária-executiva da Convenção-Quadro das Nações Unidas sobre Mudança do Clima (UNFCCC, sigla em inglês), Patricia Espinosa, que afirmou que “sua liderança e bom exemplo são fundamentais para que possamos vencer esse desafio da mudança do clima e promover um desenvolvimento sustentável”.
Fonte: BBC, Ciclo Vivo, World Future Council e Fórum do Acre