Plástico

Cientistas encontram fragmentos de plástico em animais da Antártida


De acordo com um artigo publicado nesta quarta (24) pela Biology Letters, cientistas encontraram, pela primeira vez, fragmentos de poliestireno (isopor) no interior de pequenos artrópodes terrestres (colêmbolos), no continente antártico. Agora, está comprovado que os microplásticos foram capazes de atingir animais de todos os continentes terrestres.

O isopor estava dentro do colêmbolo Cryptopygus antarcticus, encontrado na Ilha King George. O estudo diz que isso comprova a existência de plásticos nas cadeias alimentares terrestres antárticas, sendo mais uma ameaça aos ecossistemas polares, que estão enfrentando as mudanças climáticas. Também foi encontrado um grande pedaço de poliestireno na região, coberto por microalgas, musgos e líquens.

Fragmentos de Isopor são encontrados na Antártida.
Poluição no meio antártico. Foto por: Elisa Bergami, Emilia Rota, Tancredi Caruso, Giovanni Birarda, Lisa Vaccari e Ilaria Corsi.

Como os colêmbolos foram encontrados sobre o poliestireno, os cientistas levantaram a hipótese de que eles ingeriram o plástico enquanto pastavam habitualmente líquens e algas, presentes na amostra. O local no qual as amostras foram recolhidas é uma das regiões mais contaminadas do continente, devido a estações de pesquisa e turismo.

A pesquisa sugere que o fato de um dos animais mais abundantes da região ter ingerido isopor mostra que este material já deve estar presente na cadeia alimentar ou integrar os ciclos biogeoquímicos do solo.


A Antártida era o último lugar considerado livre de microplásticos no mundo. No ano passado, um estudo foi publicado denunciando a presença destes materiais no gelo ártico, e uma expedição recordista encontrou resíduos plásticos, inclusive, no ponto mais profundo do oceano - a Fossa das Marianas, a quase 11 quilômetros de profundidade.

Em março deste ano, uma outra expedição à fossa, composta por pesquisadores britânicos e apoiada pelo WWF (World Wide Fund for Nature), ficou conhecida por encontrar uma nova espécie de crustáceo, já com a presença de plástico PET em seu organismo, que foi batizada de Eurythenes plasticus numa tentativa de chamar atenção a poluição.

Eurythenes plasticus - Johanna Weston, Alan Jameson / Attribution