Camada de ozônio é recuperada de danos de gases CFC
Aline Gabrielle
A camada de ozônio tem um papel fundamental na dinâmica atmosférica do planeta. Essa camada fina que se localiza na camada central da atmosfera é responsável, especialmente, pela filtração dos raios ultravioletas, que podem causar inúmeros danos à vida na Terra. Os impactos trazidos pela exposição da camada de ozônio aos gases estufa enfraqueceram a camada, que, até pouco tempo, estava cada vez menos capaz de controlar a entrada dos raios UV. Todavia, essa situação parece ter começado a mudar.
De acordo com cientistas, foi recentemente retomado um declínio constante na emissão de produtos químicos gasosos do tipo CFC (Clorofluorcarbono), que são extremamente danosos à camada de ozônio atmosférica. Isso ocorreu após uma pausa recente e perigosa nessa trajetória, o que poderia ter atrasado a cura da camada protetora de ozônio da Terra.
De acordo com medições atmosféricas divulgadas no ano de 2018, estaria ocorrendo um produção ilegal deste tipo de gás na região leste da China, localidade mais desenvolvida industrialmente do país. Tendo em vista que a indústria chinesa passou a reduzir a emissão desses gases, esse processo pode ter impulsionado a recuperação da capacidade protetora da camada de ozônio.
A família de produtos químicos conhecida como clorofluorcarbonos (CFC 's) é utilizada, especialmente, na refrigeração e como propelentes em latas de aerossol, bem como pelas indústrias. Pode-se dizer que grande parte da destruição da camada de ozônio ocorreu por sua causa, mesmo este efeito sendo conhecido mundo afora desde a década de 1980.
No que tange ao controle do uso dessa família de gases, o primeiro documento assinado foi o Protocolo de Montreal, assinado em 1987, que estabeleceu que o uso desses gases deveria ser completamente suspenso até 2010. O primeiro documento mostra que as emissões globais, um tipo específico de CFC, o triclorofluorometano (CFC-11), diminuíram em 2019 a uma taxa consistente com a proibição global da produção de CFC, o que, na prática, não ocorreu, tendo em vista que foi captada a produção ilegal em 2018 de CFC’s.
Segundo o pesquisador atmosférico da Universidade de Bristol, Dr. Luke Western, "as coisas pareciam estar indo de acordo com o planejado". O grande problema foi a descoberta de que a concentração desses gases na atmosfera não diminuiu tão rapidamente como seria de esperar. Isso desencadeou um processo de estudos que visava encontrar qual seria a fonte dessa produção ilegal. O Dr. Western afirmou que o trabalho em que esteve envolvido apontou que alguns desses gases estavam vindo do leste da China.
Outro trabalho importantíssimo foi realizado em uma colaboração entre a Agência de Investigação Ambiental (EIA) na China e jornalistas ambientais, tendo conseguido revelar que a extensão dessa produção ilegal pode nunca ser totalmente revelada. Essa cooperação definitivamente colaborou para a volta da recuperação da camada de ozônio.
Os cientistas afirmaram que conseguiram notar que as emissões em 2019 reduziram a níveis que não se viam desde 2013, quando o aumento começou. E as expectativas: as mais positivas possíveis. "No final deste século, a camada de ozônio deve se recuperar aos níveis de 1980", afirmou o Dr. Western. Cabe agora à população e às seguintes gerações conservarem esse trabalho árduo, para que o esforço jamais tenha sido inútil.