Saúde Planetária

Ausência de biodiversidade pode dificultar acesso a medicamentos


Atualmente, os remédios têm, cada vez mais, feito parte do nosso cotidiano. Quando sentimos dor de cabeça, mal-estar ou até mesmo tontura, há uma medicação para nos ajudar a sentir melhor. E uma considerável parcela das drogas terapêuticas manipuladas pela ciência possui suas origens em matérias-primas encontradas na natureza. O que muitos de nós não sabemos, todavia, é o peso desses produtos na indústria farmacêutica como um todo.

“Estima-se que 40% dos medicamentos disponíveis na terapêutica atual foram desenvolvidos de fontes naturais: 25% de plantas, 13% de microrganismos e 3% de animais.”, escreve o professor João B. Calixto em artigo. No que se refere aos medicamentos utilizados em tratamentos anticancerígenos, esse mesmo percentual pode alcançar 70%; dados esses que demonstram a importância da conservação da natureza em benefício da fabricação e elaboração de remédios e tratamentos a patologias humanas.

No mesmo texto, ele aponta que “graças aos produtos naturais, incluindo as toxinas extraídas de animais, de bactérias, de fungos ou de plantas, os cientistas puderam compreender fenômenos complexos relacionados à biologia celular e molecular e à eletrofisiologia, permitindo que enzimas, receptores, canais iônicos e outras estruturas biológicas fossem identificados, isolados e clonados.”

Hoje em dia, no antropoceno, podemos observar uma mudança radical nos ecossistemas terrestres causada em suma maioria pelos seres humanos. O desmatamento, as queimadas, a caça ilegal e o biotráfico ameaçam os habitats, as vidas e a continuidade de um número assombroso de espécies animais e vegetais silvestres. De fato, a Lista Vermelha da IUCN (União Internacional para Conservação da Natureza e Recursos Naturais), um projeto que se propõe a estudar e preservar a biodiversidade do nosso planeta, possui em seu arquivo, até o momento presente, mais de 120.000 espécies catalogadas, dentre as quais 32.000 estão seriamente ameaçadas de extinção. 

Por conseguinte, a preocupação de muitos especialistas se encontra no possível caos que a falta dessas espécies pode causar na indústria farmacêutica, tanto por cessar a produção e a distribuição de medicamentos a diversas comunidades ao redor do mundo, quanto por deixar passar o potencial biológico e medicinal ainda não descoberto de muitas espécies que não puderam ser adequadamente estudadas. Logo, a preservação natural é uma questão de sobrevivência humana, não somente por causa da crise climática e ecológica, mas também por ser essencial à saúde básica dos humanos no que diz respeito à produção de remédios. Para mais informações, confira a matéria completa da DW.