Ameaças de morte são feitas a uma criança ativista da Colômbia
João Sena
Após clamar por melhor acesso à educação em seu país, com internet disponível para que todos os estudantes tenham acesso a aulas online, Francisco Vera, menino colombiano de onze anos, recebeu, via Twitter, ameaças de morte que partiram de uma conta anônima. O jovem é conhecido em seu país por ter fundado uma organização em prol da preservação ambiental aos nove anos e por seu ativismo em favor dos direitos das crianças.
Após suas manifestações nas redes sociais, a Organização das Nações Unidas entregou-no uma carta parabenizando-o pelo seu pioneirismo no país na defesa dos direitos das crianças. A ameaça ao menino gerou muita indignação no país, especialmente pelo fato de a Colômbia ser um dos países do mundo que mais mata ativistas dos direitos humanos.
Em entrevista à BBC, o jovem afirmou que em suas manifestações via redes sociais, críticas são sempre bem-vindas, todavia, ameaças de morte ultrapassam um limite de criticismo e são inaceitáveis. “Esse tipo de ameaças é muito comum na Colômbia, e, na maioria dos casos, sai impune”, afirmou Lourdes Maria, do grupo Somos Defensores. “Mas ameaçar um menino de 11 anos só mostra que atingimos novos níveis de intolerância e falta de respeito pela liberdade de expressão”, completou.
O interesse do garoto por esses temas surgiu logo aos seis anos. Ela vivia próximo às montanhas e tinha muito contato com os animais ao redor dele, como pássaros e cabras, o que o motivou a lutar pelos direitos dos animais, indo a protestos com a família e fazendo reciclagem, até criar o próprio projeto de ativismo. O grupo fundado por Francisco, denominado, em tradução livre, “Guardiões da Vida”, foi iniciado com apenas sete membros da mesma cidade e, hoje, possui mais de duzentos componentes não somente em 11 províncias colombianas, mas também no México e na Argentina.
Sobre o ativismo infantil, o menino afirma que “as crianças devem ter um direito a falar sobre os principais assuntos desta época, como mudanças climáticas e políticas econômicas”. Segundo ele, a juventude não é somente o futuro, porque, hoje, ela já sofre os impactos causados pelas decisões dos adultos.
No país, um grande movimento está sendo tomado pelo governo para descobrir a origem das ameaças ao garoto. E a história da censura à liberdade de expressão dos ativistas não ocorre só na Colômbia. Ativistas de todo o mundo sofrem diariamente ameaças de morte, de violência e de estupro. A luta por um mundo melhor deve ser de todos, bem como o mundo é. A diferença não se faz com indivíduos sozinho e nem deve ser feita de tal modo!