A degradação florestal excede o desmatamento na Amazônia
Gabriella Pereira
A perda da Floresta Amazônica causa grandes efeitos na biodiversidade, ciclo do carbono e no clima. Estima-se que 73% da perda de floresta acontece pela degradação florestal, evidenciando que, ao contrário do que se imagina, a degradação da floresta é a principal causa para problemas no clima e na emissão de carbono.
É importante ressaltar que a degradação florestal, na verdade, é diferente do desmatamento; o primeiro representa a retirada da floresta e a substituição por grama, pasto, plantação ou simplesmente o abandono enquanto o segundo é o resultado do conjunto de perturbações que ocorrem por na floresta por razões humanas, independentemente se a floresta continua ou não de pé.
Um estudo liderado por pesquisadores brasileiros e americanos revelam que a degradação florestal na Amazônia foi maior em 2019 do que em 2015, o que pode ser resultado do afrouxamento nas políticas florestais. Durante o período do estudo, de 1992 a 2014, uma área equivalente à do Maranhão sofreu perda na vegetação, com um total de 337.427 km², o que se deu devido a ação humana, que vem se intensificando ao longo dos anos.
De acordo como o professor da UnB, Eraldo Matricardi, que esteve à frente da pesquisa, até então a degradação era vista como um processo de desmatamento. "As pessoas iam até a floresta, tiravam madeira, e na sequência, desmatavam. Verificamos que isso ocorre no desmatamento, mas existe um processo isolado de degradação, em que as pessoas estão indo, degradando e a floresta está ficando em pé", explica. De acordo com o pesquisador, para recuperar as florestas é necessário o replantio de algumas espécies de árvores e em casos de queimadas a mata só poderá se recuperar com a adoção de técnicas próprias.
Tendo em vista os aspectos apresentados, não bastam somente planos para acabar com o desmatamento, pois é necessária, também, a utilização de outros tipos de intervenção, como a criação de políticas relacionadas à extração seletiva e a degradação de determinadas áreas. Infelizmente, esse problema não está nem perto de ser resolvido, diante da situação atual.
Recentemente, o presidente Bolsonaro realizou cortes em verbas destinadas ao ministério do meio ambiente(MMA), o que dificulta ainda mais a proteção ambiental, principalmente porque a degradação florestal demanda um sistema de controle mais sofisticado. Com isso, necessita de mais investimento, diferentemente do desmatamento que é muito mais fácil de ser detectado nas imagens de satélite, em função da transformação visual, seu monitoramento e fiscalização também são mais perceptíveis.